Páginas

terça-feira, 10 de abril de 2012

Max Weber


Esquema analítico de Weber

Weber definiu-se como sociólogo numa etapa já bastante avançada da sua carreira. Numa carta ao economista Robert Liefmann:

“se agora sou sociólogo então é essencialmente para pôr um fim nesse negócio de trabalhar com conceitos coletivos. Em outras palavras: a Sociologia somente pode ser implementada tomando-se como ponto de partida a ação do indivíduo ou de um número maior ou menor de indivíduos, portanto de modo estritamente individualista quanto ao método”.

É claro que a Sociologia trata de fenômenos coletivos, cuja existência não ocorreria a Weber negar. O que ele sustenta é que o ponto de partida da análise sociológica só pode ser dado pela ação de indivíduos e que ela é “individualista” quanto ao método.
Na ausência dos atalhos oferecidos pela referência direta a entidades coletivas, ele necessita ir construindo passo a passo um esquema coerente e - internamente consistente que permita ao sociólogo operar com segurança com conceitos como, por exemplo, o de Estado, sem atribuir a essa entidade qualquer realidade substantiva fora das ações concretas dos indivíduos pertinentes.
            É isso que ele busca fazer, sobretudo no seu livro em Economia e sociedade.
            Passemos então a uma reconstrução sumária dos conceitos fundamentais envolvidos nessa obra e da articulação entre eles. Cumpre, portanto, examinar o esquema analítico weberiano, o qual possui a seguinte seqüência conceitual: ação social, sentido, compreensão, agente individual, tipo ideal, relação social, legitimação e dominação.


I. Sociologia:
 Deve-se entender por sociologia: “uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos” ou ainda, a sociologia compreensiva procura captar (objetivamente) as ações humanas e seus sentidos.
A sociologia é uma ciência voltada para a compreensão e para a interpretação das ações sociais. A Sociologia é basicamente o estudo da ação social orientada para a conduta dos outros.


II. Ação Social:
É uma modalidade específica da ação, ou seja, é uma conduta humana (que pode consistir num ato externo ou interno; numa condição ou numa permissão) em que o próprio agente associa um sentido a sua ação, desde que a ação seja orientada conforme a conduta dos outros e em consonância com eles. A “ação social”, portanto, é uma ação em que o sentido indicado por seu sujeito, refere-se à conduta de outros, orientando-se por esta em seu desenvolvimento.
            É toda conduta humana em que o próprio agente associa um sentido a sua ação, desde que a ação seja orientada conforme a conduta dos outros e em consonância com eles.  Para que isso se torne inteligível é preciso ver o que Weber entende por “sentido”.


III. Sentido:
Por sentido deve-se entender o sentido subjetivamente visado, isto é, aquele que se manifesta em ações concretas e que envolve um motivo, o qual é sustentado pelo agente como fundamento da sua ação.
            Cuidado!!!  Não se trata, de modo algum, de um sentido fixo, objetivamente correto.


IV. Motivo:
 Observe, o conceito de “motivo” permite estabelecer uma ponte entre sentido e compreensão. Talvez fique mais claro...
Existem variados sentidos subjetivamente visados, dado as diferentes bases culturais em que vivem os diversos indivíduos, porém, o mais relevante para se atingir a compreensão da realidade é perceber que há um motivo orientando a ação de todo e qualquer indivíduo. Saber recuperar o significado desse motivo permite-nos compreender essa ação. A reconstrução do motivo é fundamental porque, da perspectiva do agente, o motivo figura como causa da ação.
            A preocupação não é com a origem da ação (sentido subjetivamente visado) e sim com o motivo (fim objetivamente visado pelo agente). O motivo é fundamento de toda ação social.


[Método Compreensivo]
V. Compreensão:
Em que medida a compreensão é um processo seguro, capaz de interpretar a realidade?
Com a utilização desse método Weber assume uma postura crítica frente à sociologia positivista. Ao utilizar o método compreensivo Weber não pretende reproduzir ou classificar uma ordem objetiva já dada, mas, atribuir uma interpretação aos aspectos selecionados da realidade que se apresentam à experiência como múltiplos e infinitos e, portanto, impossíveis de serem apreendidos fora de uma análise histórica como pretendia Durkheim.  
            A compreensão do comportamento social atinge tanto intelectualmente quanto por empatia: Intelectualmente, se o comportamento for racional (por valor ou por fim), por meio do reconhecimento da lógica dos meios e das relações; Por empatia, se o comportameno for irracional (tradicional ou afetivo), por meio da projeção de si próprio na situação e na experiência do contexto emocional.

VI. Agente Individual:
É a única entidade capaz de conferir sentido às ações sociais. Por outro lado, os agentes e os sentidos não podem ser incorporados á análise científica tal como se apresentam uma vez que se mostram como diversificados processos que se mesclam de todas as maneiras.
            Então, por que determinadas práticas se mantêm se os agentes são múltiplos?
Então, como os sentidos subjetivamente visados de cada agente são incorporados à analise cientifica?


VII. Tipo Ideal:
Sem um rigor conceitual não há ciência digna desse nome.
Foi para solucionar esse problema que Weber construiu um elemento de orientação na realidade que permite a formulação de hipóteses, o tipo ideal. Este serviria como guia para o pesquisador, nesse sentido, o tipo ideal só existe como abstração e não é, e nem pretende ser um reflexo ou uma repetição da realidade.


VIII. Relação Social:
Pelo fato de existir uma regularidade de condutas de caráter social precisamos entender o desdobramento do conceito de ação social, o de relação social, o qual deve ser visto como uma conduta plural (de várias pessoas) reciprocamente orientada. Lembre-se, não há garantia prévia de ocorrência de qualquer relação social.
            Quando o sentido de uma ação é compartilhado por outro ou outros (tanto pode ser por apenas dois, em presença direta; quanto por um grande número e sem contato entre si no momento da ação) temos então, uma Relação Social.

Exemplo:
A amizade é uma relação social, porque envolve um conteúdo de sentido capaz de orientar regularmente a ação de cada indivíduo em relação a múltiplos outros possíveis e que portanto se manifesta sempre que as ações correspondentes são realizadas (por isso mesmo podemos designar esse conteúdo de sentido pelo termo genérico “amizade”). Claro que a amizade, como qualquer relação social, não existe senão quando se traduz em condutas efetivas. E, como não há garantia prévia de que isso se dê, a ocorrência de qualquer relação social só pode ser pensada em termos de probabilidade, que será maior ou menor conforme o grau de aceitação do conteúdo do sentido da ação pelos seus participantes.


IX. Legitimação:
Este é um tipo especial de relação social capaz de permitir o exercício de certos atos, uma vez preenchidos os requisitos legais. O sentido de legitimidade é incorporado pelos agentes como uma regra orientadora de suas condutas na medida em que é aceito como legítimo.


X. Dominação:
 Toda relação autêntica de dominação sobre uma pluralidade de homens requer um certo mínimo de vontade de obedecer, isto é, uma relação provável de obediência por parte dos dominados. Para ter sucesso nesta operação é essencial que os dominantes possuam legitimidade frente aos dominados, ou seja, todos dominantes procuram despertar e cultivar a crença em sua legitimidade.  



 Assista ao video com os mais refinados especialista em Weber no Brasil


Sem comentários:

Enviar um comentário