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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

domingo, 12 de agosto de 2012

domingo, 22 de julho de 2012

O Homem é produto do seu Trabalho

 MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO

Karl Marx

   Um Parênteses Filosófico: 
Qual é a questão fundamental da filosofia?

Essa reflexão é essencial para entendermos, sem muita dificuldade, o passo seguinte, ou seja, a influência do Método Hegeliano na obra de Karl Marx. Além é claro, de traçar um paralelo entre materialismo e idealismo, duas correntes filosóficas extremamente importantes.
         A questão fundamental da filosofia é a relação entre o pensamento e o ser, entre o espiritual e o material, entre a consciência e a existência. As correntes filosóficas, por meio de toda a história da filosofia, têm procurado solucionar esse problema, debatendo esse dualismo.
         Geralmente, muitas pessoas confundem o sentido filosófico dos termos materialismo e idealismo, com o vulgarmente empregado. No sentido corriqueiro, materialismo significa luxúria, mesquinhez, busca de prazeres materiais. No mesmo sentido vulgar, idealista é a pessoa altruísta, boa, que luta por uma ideal. Ordinariamente, a burguesia e os seus intelectuais procuram alimentar essa confusão afirmando que o comunista, por ser materialista e ateu, come criancinhas ao molho pardo, estupra freiras ...
         No entanto, materialismo, em seu sentido filosófico, é a concepção científica do Universo e do Homem, que admite a prioridade da matéria sobre o pensamento. E o Idealismo é a postura filosófica que aceita a prioridade do pensamento, da idéia, sobre a matéria. No decorrer da exposição isso ficará mais claro!


Hegel de Pernas Para o Ar:

Diante do problema fundamental da filosofia (o que é primordial: a consciência ou a existência, o ser ou o pensamento, a idéia ou a matéria?), Marx permanece contrário às idéias de Hegel.
Para Hegel, o primordial, o que existe em primeiro lugar é a consciência universal. A história nada mais é do que uma manifestação do Espírito Universal. Os fatos, os fenômenos que ocorrem na realidade material e mesmo na consciência, no pensamento e no conhecimento humano, são um reflexo da Idéia Universal e Absoluta.
         Marx assumiu a causa do ser, da existência, da matéria e diz em voz alta: “A produção de idéias, de representações e da consciência, está direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens, essa é a sua linguagem da vida real. As representações, o pensamento, o comércio intelectual dos homens surge diretamente de seu comportamento material”.
         Ora, a sociologia e a antropologia constatam esse fato, e consideram que o homem ao construir o seu mundo material, constrói a si mesmo. Desta forma, gritou Marx: “a filosofia alemã de Hegel desce do céu para a terra. Já a minha, parte da terra para o céu. As idéias morais, religiosas, metafísicas, não surgem do além, mas da vida concreta e real que os homens estabelecem para sobreviver”. Sartre escutando os berros acrescentou: “a existência precede a essência”.
         Marx afirma claramente que não é a consciência individual que determina todas as formas históricas e de comportamento social, e sim a produção da vida material. No que se refere ao problema fundamental da filosofia, não é o pensamento ou a consciência que existe primordialmente, mas a vida material.
         Ao colocar a dialética hegeliana de pernas para o ar, Marx elabora a dialética materialista. Em linguagem filosófica, a dialética de Marx é uma antítese à hegeliana.


DIALÉTICA MARXISTA

O termo dialética vem do grego dialegein, que significa discutir a contradição de idéias que leva a outras idéias.
         O esquema básico da dialética é: tese, antítese e síntese. A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada. A antítese é uma oposição à tese. É importante lembrar que a antítese não é a destruição da tese, e sim a tese aperfeiçoada. Do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é uma situação nova que carrega dentro de si elementos resultantes desse embate. A síntese, então, torna-se uma nova tese, que contrasta com uma antítese gerando uma nova síntese, e assim sucessivamente.
         Todos os processos que constituem a realidade social se explicam pela contradição, pela dialética. E é assim desde o início, desde a formação da sociedade. A sociedade humana é produto de uma luta entre a natureza e nossos ancestrais pela sobrevivência. O conteúdo concreto dessa luta foi e continua sendo o trabalho. Segundo o pensamento marxista, foi o trabalho que, agrupando os nossos ancestrais na luta  pela sobrevivência, deu origem às sociedades. Foi o trabalho que possibilitou a passagem do homem primitivo para o homem moderno.
         Como sabem, Marx é um materialista de “carteirinha”. Defende que a vida material está sempre em primeiro lugar. E ao perceber que o trabalho é a ferramenta necessária para a construção de uma nova forma de organização, ele acaba por negar, definitivamente, que os meios materiais de existência sejam um mero reflexo de algo pré-existente (idéias). Assim, o trabalho é a única categoria capaz de transformar a vida material.
         A realidade para Marx se apresenta como uma síntese de inúmeras determinações históricas, de forma que cada sociedade em um dado momento foi construída particularmente por um turbilhão de fatores de cunho social, econômico, político e cultural. Seria impossível, portanto, compreender o ambiente social sem buscarmos suas raízes históricas sob uma perspectiva global que contennha todos os aspectos do comportamento social.
         Marx cria, a partir de uma visão histórica totalizante, um método de compreensão da realidade denominado materialismo histórico e dialético, o qual tenta abstrair as contradições inerentes ao funcionamento das sociedades. O ponto de partida é a concepção materialista, de onde se deriva a idéia de que as relações sociais de produção determinam nossa construção cultural e ideológica. Sem delongas, o desenvolvimento histórico é explicado pela história da luta de classes, em outros termos, ela é o motor da história.
         A história do homem é a história da luta de classes. Para Marx a evolução histórica se dá pelo antagonismo irreconciliável entre as classes sociais de cada sociedade. Foi assim na escravista (senhores de escravos x escravos), na feudalista (senhores feudais x servos) e assim é na capitalista (burguesia x proletariado). Entre as classes de cada sociedade há uma luta constante por interesses opostos, eclodindo em guerras civis declaradas ou não. Na sociedade capitalista, a qual Marx e Engels analisaram mais intrinsecamente, a divisão social decorreu da apropriação dos meios de produção por um grupo de pessoas (burgueses) e por outro grupo expropriado possuindo apenas seu corpo e capacidade de trabalho (proletários).
         Tendo a luta de classes de fundo, a contradição fundamental do funcionamento da sociedade ocorre entre as novas forças produtivas e as relações de produção envelhecidas.
        
Forças Produtivas é tudo aquilo que permite a produção de mercadorias: ferramentas, máquinas, matéria-prima, técnica, força de trabalho, etc.

Já as Relações de Produção, são os relacionamentos entre os proprietários da força produtiva, ou seja, os donos dos meios de produção e aqueles que trabalham para este.

Em geral, quanto mais tecnologia é empregada na força produtiva, mais tensa é a relação entre os operários e os donos das máquinas. Isso se dá por vários motivos: desemprego, diminuição dos salários e é claro, pelo trabalho rotineiro, alienado.


O método de análise da sociedade, materialista histórico e dialético passa por várias etapas:

1ª) Marx observa a sociedade como produto de uma luta de classes, promovida pela dialética. E vai mais longe, ao dizer que toda a história nada mais é do que a história da luta de classes.
2ª) A contradição fundamental presente na luta de classes, ocorre na estrutura da sociedade, na forma como os homens organizam a produção social de bens.
3ª) A produção social engloba dois fatores: Relações de Produção e Forças Produtivas.
4ª) As Relações de Produção juntamente com as Forças Produtivas, formam o que conhecemos por Infra-estrutura. É essa Infra-estrutura que determina as demais instituições sociais presentes na sociedade. O método consiste em dar uma visão materialista e geral da sociedade em que vivemos.


 
Assista ao vídeo para melhor compreensão. O aspecto sociológico do pensamento de Karl Marx é apresentado com base em entrevista do sociólogo Gabriel Cohn e a caracterização in loco da economia de uma pequena cidade paulista.



Manifesto do Partido Comunista, 1848:

“A burguesia desempenhou na História um papel eminentemente revolucionário. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu as relações feudais, patriarcais e idílicas. Todos os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus "superiores naturais", ela os despedaçou sem piedade, para só deixar subsistir, entre os homens, o laço do frio interesse, as duras exigências do "pagamento à vista". Afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável liberdade de comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal.
A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados. A burguesia rasgou o véu do sentimentalismo que envolvia as relações de família e reduziu-as a simples relações monetárias”.

[Manifesto do Partido Comunista,  cap. 1: burgueses e proletário]

CONFLITO:: Capital X Trabalho

O capitalismo tornou o trabalhador alienado, isto é, separou-o de seus meios de produção (suas terras, ferramentas, máquinas, etc), os quais passaram a pertencer à classe dominante, a burguesia. Desse modo, para poder sobreviver, o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho à classe burguesa, recebendo um salário.
            Como há mais pessoas que empregos, o excesso de procura motiva o proletário a aceitar, pela sua força de trabalho, um valor estabelecido pelo seu patrão. Caso negue, achando que é pouco, o patrão estala os dedos e milhares de outros aparecem em busca do emprego. Portanto, é aceitar ou morrer de fome.
            Com a alienação nega-se ao trabalhador o poder de discutir as políticas trabalhistas, além de serem excluídos das decisões gerenciais. A alienação elimina do indivíduo a percepção de seu potencial, e não permite que ele entenda que é igual a qualquer outro, submetendo-se à interesses que não os seus. A auto-alienação o torna vazio, pouco entende do mundo em que está inserido, pois não reflete sobre o que ocorre ao seu redor.

A Construção da usina de Belo Monte é um ótimo exemplo da relação conflituosa entre Capital e Trabalho.

Belo Monte, uma usina polêmica | Parte 1 | A obra




  Esta é a primeira matéria de uma série de reportagens do Jornal da Cultura sobre a construção da Usina de Belo Monte.A terceira maior hidrelétrica do mundo está no centro do debate sobre os rumos do desenvolvimento brasileiro, já que o empreendimento de R$ 26 bilhões tem mudado profundamente a paisagem, o meio ambiente e as relações humanas em plena amazônia.
  Neste vídeo, você vai conhecer as características dessa obra. A reportagem é de Ricardo Ferraz, que viajou ao Pará na companhia do cientista política e comentarista do Jornal da Cultura, Carlos Novaes.

Reportagem exibida originalmente na TV Cultura, no dia 16 de julho de 2012.




Belo Monte, uma usina polêmica | Parte 2 | Os impactos


 
 Na segunda reportagem da série sobre a Usina de Belo Monte, o Jornal da Cultura mostra os impactos que a obra vai trazer para o ecossistema da Amazônia.Pelo plano autorizado pelo governo, um trecho de 90 Km do Rio Xingu terá a quantidade de água sensivelmente reduzida. E os ambientalistas alertam para os problemas que isso pode trazer para as plantas e os animais da região.

Reportagem exibida originalmente na TV Cultura, no dia 17 de julho de 2012.



Belo Monte, uma usina polêmica | Parte 3 | Os indígenas



 Na terceira reportagem da série, o Jornal da Cultura mostra a situação dos indígenais diretamente afetados pela construção da terceira maior hidrelétrica do mundo.Nossa equipe visitou três aldeias, inclusive a do povo Xikrin, localizada no interior da Amazônia. Os índios receberam presentes da empresa responsável por Belo Monte, mas temem perder o bem mais precioso: o Rio Xingu.

Reportagem exibida originalmente na TV Cultura, no dia 18 de julho de 2012.





 

A construção da Usina de Belo Monte significa uma oportunidade de emprego para milhares de trabalhadores de todo o país. Gente que viaja para o Pará em busca de bons salários e estabilidade, mas que muitas vezes não consegue uma vaga por problemas de capacitação. 
 Reportagem exibida originalmente na TV Cultura, no dia 19 de julho de 2012. 




Belo Monte, uma usina polêmica | Parte 5 | A cidade 

  
Altamira, o maior município brasileiro em extensão territorial, está se tornando também a cidade que mais cresce em número de habitantes. A prefeitura estima que cerca de 20 mil pessoas se mudaram para Altamira nos últimos três anos. E o motivo é um só: a construção da Usina de Belo Monte.
Reportagem exibida originalmente na TV Cultura, no dia 20 de julho de 2012.



Belo Monte, uma usina polêmica | Parte 6 | Os ribeirinhos 
 
Na última reportagem da série sobre a construção da Usina de Belo Monte, você vai saber como os moradores, que vivem há anos à beira do Rio Xingu, serão afetados pela terceira maior hidrelétrica do mundo.
Reportagem exibida originalmente na TV Cultura, no dia 21 de julho de 2012.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tudo se Transforma em Mercadoria

Documentário que mostra como funciona o sistema capitalista de extração, produção,distribuição, consumo e tratamento de lixo. Mostra de maneira muito clara como todo o Sistema se baseia na exploração desde os recursos naturais até as pessoas. Como coisas são criadas para ir para o lixo (intencionalmente, o mais rápido possível). A verdadeira função dos governos e corporações que os apoiam, é criar uma Sociedade de Consumo a um rítmo acelerado.



Qual é o segredo da mercadoria?
O mistério da mercadoria é encobrir as características sociais do trabalho, ela pronta e acabada não deixa passar a imagem de que é produto do trabalho humano. Adquirindo, então, um caráter fantasmagórico.
            Para entender essa imagem é preciso compreender o que Marx chama de fetichismo da mercadoria. Grosso modo, fetichismo da mercadoria seria o fato de as pessoas, no sistema capitalista, se conhecerem e se relacionarem por intermédio das mercadorias.
            A maioria das pessoas com as quais nos relacionamos são parte do processo de circulação das mercadorias. Podemos conhecer o fulano do açougue em frente, mas, primeiramente, o conhecemos como vendedor da mercadoria carne. Lembramos do sicrano da padaria da esquina, antes de tudo, como o vendedor de pão. Ou o beltrano porteiro da escola. Quanto a nossos amigos, conhecemos muitos deles porque vendem ou vendiam sua força de trabalho na mesma fábrica, banco, escola, etc. em que vendemos ou vendíamos a nossa força de trabalho. Desse modo, se o açougue fechar ou um colega for demitido, as chances de perdemos contatos com quem tínhamos relações de amizade são grandes. Esta é a realidade social em que vivemos, gostemos ou não.
            A mercadoria não exerce mas aquele papel de intermediadora na relações entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), agora ela ocupa os pólos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Veja como isso se dá!!
Se chegar à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo".
            Se as mercadorias é que são as ligações entre nós, são elas que estabelecem relações entre si, em outras palavras, as mercadorias possuem vida social e não nós. É essa inversão que Marx chama de Fetichismo.
            O mecanismo do fetichismo da mercadoria transforma as relações humanas em elos entre coisas. Acontece que hoje são as próprias coisas, no caso os produtos, que se referem a marcas e ganham identidade própria. Não basta tomar refrigerante, tem que ser Coca-Cola, não basta fumar, tem que ser Marlboro, como não basta comer hambúrguer, tem que ser McDonald's. Assim, a imagem torna-se a forma final da mercadoria.
            Como foi citado por Frei Betto (frade dominicano que estudou Jornalismo, Antropologia, Filosofia e Teologia) em artigo publicado no Jornal de Ciência e Fé em abril de 2001, ano 2, nº 29:

A crítica do fetiche da mercadoria data de oito séculos antes de Cristo, conforme este texto do profeta Isaías: “O carpinteiro mede a madeira, desenha a lápis uma figura, trabalha-a com o formão e aplica-lhe o compasso. Faz a escultura com medidas do corpo humano e com rosto de homem, para que essa imagem possa estar num templo de cedro. O próprio escultor usa parte dessa madeira para esquentar e assar seu pão; e também fabrica um deus e, diante dele se ajoelha e faz uma oração dizendo: Salva-me, porque tu és o meu deus!” (44, 13-17).

Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do trabalho, também desaparece o caráter útil dos trabalhos neles corporificados; desaparece, portanto, as diferentes formas de trabalho concreto. As mercadorias, não mais se distinguem umas das outras pela sua utilidade, mas se reduzem, todas, a uma única espécie de trabalho, o trabalho humano abstrato (valor-de-troca).
            Para Marx não existem dois mundos diferentes: o da aparência e o da essência, como anunciava Platão. Ao contrário, “aparência e essência são tratadas na sua forma histórica como se compõem no mundo do capital”. Daí entende-se porque o fetichismo não é uma ilusão, mas possui uma existência e uma influência real sobre os indivíduos, determinando assim uma sociabilidade estranhada, uma sociabilidade em que o valor de troca é a determinação das relações sociais.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

As razões da Crise do Capital [Marx]

Assista e aprofunde seus conhecimentos sobre economia e sociologia em Karl Marx com a professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) Leda Paulani.

Vale a pena conferir os conceitos trabalhados de maneira didática e sem a fuga da complexidade que o tema exige.

Bons Estudos!!!


As razões da crise (1/2)

 

As razões da crise (2/2)

 

sábado, 7 de julho de 2012

Ciência X Senso Comum








Os Três Tipos de Conhecimento:

A. Vulgar: é feito ao sabor das circunstâncias, sem método definido, dependendo de experiências ocasionais: “vivendo e aprendendo”.

B. Filosófico: é organizado, desenvolvendo-se, porém, no domínio das abstrações.
C. Científico: é organizado, desenvolvendo-se no domínio do concerto e experimental.
 
Ciência: é o conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que os regem, obtido por meio da investigação e comprovado pela observação, pelo raciocínio e pela experiência intensiva.
A palavra ciência é de origem latina: scientia, verbo scire (conhecer), que significa conhecimento. A evolução semântica faz uma reserva da palavra para um tipo peculiar de conhecimento.
O conhecimento científico opõe-se ao conhecimento vulgar porque é organizado, sistematizado, contando com métodos, não se desenvolvendo ao sabor das circunstância. Opõe-se ao conhecimento filosófico porque se baseia na experiência sensorial, na operação concreta.


A ciência é, por natureza, empírica, racional, cumulativa e geral
EMPÍRICA: fundamenta-se na observação sensorial sistemática.
RACIONAL: utiliza-se metodologia adequada. É a racionalidade do processo de evolução, ou seja, constrói-se por indução e aplica-se por dedução. Indução no construir-se porque parte do individual para o geral. Aplica-se por dedução a realidades semelhantes, não generalizando hipóteses rejeitadas ou não comprovadas devidamente.
CUMULATIVA: aproveita dados comprovados e passos dados anteriormente e, ainda, contribuições paralelas.
GERAL: tende à universalização dos fenômenos comprovados, desde que em configuração igual ou estrutura semelhante.

 
Ciências Sociais
 Ciências sociais é um conjunto de ciências que tem por objeto o estudo dos diferentes aspectos da manifestação da vida grupal.
Toda as ciências sociais estão intimamente relacionadas porque todas elas estudam aspectos de uma só realidade: o comportamento social. Cada uma toma um aspecto diferente, com métodos por vezes diversos, mas o objeto material é um só. O que distingue as ciências é o objeto formal.
Entre as Ciências Sociais podemos destacar: Antropologia, Greografia Humana, História, Psicologia Social, Política e Sociologia.
ANTROPOLOGIA – ciência do homem como ser social e animal, que visa ao estudo das criações do espírito humano que resultam da interação social: conhecimento e idéias; normas de comportamento, hábitos adquiridos na vida social e pela vida social; estudo descritivo; classificatório e comparativo da cultura.
ECONOMIA – ciência que estuda a produção, distribuição, circulação e consumo de bens escassos, e a relação entre necessidades/desejos e bens.
GEOGRAFIA HUMANA – ramo da Geografia que estuda as influências recíprocas entre gupos/indivíduos e o meio físico.
HISTÓRIA – ciência que investiga e narra fenômenos irrepetíveis, suas formas, seus fatores e feitos, em objetivação interna e/ou externa.
POLÍTICA – ciência que estuda os fenômenos referentes ao Estado como fenômeno total que envolve as relações de poder.
PSICOLOGIA SOCIAL – estudo da personalidade como manifestação e inter-relação do indivíduo e seu meio social e cultural.
SOCIOLOGIA – ciência que estuda as relações sociais, as estruturas sociais, as transformações sociais, suas formas e seus fatores.

 

Problema Social X Problema Sociológico

A sociologia estuda os fenômenos sociais em geral, quer sejam percebidos ou  não como problemas.
Problema Social
a) Dois  critérios:
1. Sentimento de indignação moral que  um fato desperta  em grande parte da população
2. Temor de que um fato represente uma ameaça para a coletividade  
b) Um fato pode ser definido como um problema social quando  ameaça interesses  materiais de quem o percebe, mas também,  quando põe em risco a preservação de crenças  arraigadas numa  população. c) Problema social é considerado fenômeno social (problema sociológico) quando é passível de ser explicados cientificamente
Problema sociológico
a) Explicação teórica do que acontece na vida social. 
b) Os problemas sociais interessam ao sociólogo quando este é capaz de transformá-los em problemas sociológicos sendo a sua pretensão explicá-los e não resolvê-los.

SOCIOLOGIA
 
* Filha ilustre da Modernidade
* Nunca foi uma disciplina em que há um corpo de idéias que todos aceitam como válidas, nem é o resultado linear da evolução das ciências sociais, ao contrário é com o estabelecimento das rápidas transformações econômicas, política, culturais e sociais da modernidade que possibilitou a construção dessa nova ciência como resposta intelectual e prática às novas situações.
  
 
 
A)a)Revolução Econômico-social
B)
1. Revolução Industrial (Europa Séc. 19-20)
2. A importância da acumulação primitiva de capitais e a falência das práticas mercantilistas, além da ascensão de uma nova forma de organização do espaço produtivo.
3. As transformações na propriedade privada dos meios de produção: a desapropriação de camponeses e artesãos sua concentração nas mãos da burguesia urbana e a formação de uma nova classe (proletariado).
4. As mudanças nas relações de trabalho: a predominância do assalariamento, a disciplina fabril, as péssimas condições de trabalho, o exército industrial de reserva, os baixos salários, a absorção da mão de obra feminina e infantil, a insalubridade e a legislação trabalhista.
5. As mudanças no espaço e no convívio: a urbanização, a violência, o lúmpen, a prostituição, a periferia, etc.
6. Os movimentos sociais: a insatisfação quanto as condições de vida e trabalho, ‘as máquinas como origem do problema”, as primeiras organizações sindicais, a violência das manifestações e a reação da burguesia.
7. O papel do Estado: o apoio na criação de infra-estrutura para a industrialização e a repressão aos movimentos contestatórios.

EFEITOS
Caos social instalado:
- processo de proletarização, acirramento das desigualdades sociais  
- insatisfação popular quanto a precariedade das condições de vida e de trabalho (organização do movimento operário) 
-
Visão Positivistas:
- necessidade da ordem e harmonia social como chave para o desenvolvimento capitalista
- repressão institucional baseada em argumentação científica
- combate ao caos
- manutenção da ordem burguesa.
- se fazia necessário conhecer a sociedade para barrar seus excessos.

B) Revolução Política
1. O processo de tomada do poder político pela burguesia centrando a atenção na Revolução Francesa.
2. As contradições e obstáculos do Antigo Regime ao desenvolvimento do capitalismo.
3. O impulso teórico e ideológico representado pelos ideais iluministas.
4. As diferentes facções e sua representação no parlamento.
5. A hegemonia da alta burguesia e a oposição dos setores aristocráticos e populares.
6. A necessidade de manutenção do poder político e do resfriamento do ímpeto revolucionário através da utilização do próprio Estado.

EFEITOS:
 A tomada do poder pela alta burguesia e a imaturidade/desconhecimento quanto as possibilidades de ação do Estado. Era necessário racionalizar a atuação do órgão estatal a fim de transformá-lo em um ponto de apoio para o progresso e a contenção dos movimentos sociais. o esvaziamento do discurso revolucionário e a ascensão de uma retórica onservadora.




C) Revolução Cultural
1. A retomada da cultura greco-latina, a hegemonia da razão, o papel do homem no universo.
2. O percurso das transformações culturais (ciência, artes, religião, etc.) a partir do fim do modo de produção feudal até o momento das revoluções burguesas  
3. Os entraves para o desenvolvimento de uma mentalidade burguesa, racional, científica, pragmática e econômica.  
4. Iluminismo e o caráter revolucionário de seu conteúdo: o indivíduo, a liberdade, os direitos naturais, a contraposição ás instituições, etc.  
5. Desenvolvimento das ciências naturais tomando como base os métodos racionalistas, experimentalistas e naturalistas do período.
 
EFEITOS:
A absorção pela sociologia do método científico racionalista e sua inspiração nas ciências naturais: o experimentalismo, a tendência ao equilíbrio e à evolução. A inversão do discurso iluminista, pelos positivistas, exaltando as instituições e esvaziando a importância do indivíduo.







O PAI DO POSITIVISMO

Durante um certo período Comte foi secretário particular de Saint-Simon até que se desentenderam intelectualmente. Vários historiadores do pensamento social têm observado que Comte, em boa medida, deve suas principais idéias a Saint-Simon. Ao contrário desse pensador, que possuía uma faceta progressista, posteriormente incorporada ao pensamento socialista, Comte é um pensador inteiramente conservador, um defensor sem ambigüidades da nova sociedade.
O inventor do neologismo “sociologia” e pai do positivismo, também se mostra sensível às mutações das sociedade européias do século XIX. Segundo Comte: “as sociedades européias se encontravam em um profundo estado de caos social, as idéias religiosas haviam há muito perdido sua força na conduta dos homens e não seria a partir delas que se daria a reorganização da nova sociedade, nem muito menos das idéias dos iluministas. A propagação das idéias iluministas em plena sociedade industrial somente poderia levar à desunião entre os homens. Para haver coesão e equilíbrio na sociedade seria necessário restabelecer a ordem nas idéias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crenças comuns a todos os homens”.
Convicto de que a reorganização da sociedade exigiria a elaboração de uma nova maneira de conhecer a realidade, Comte procurou estabelecer os princípios que deveriam nortear os conhecimentos humanos. Seu ponto de partida era a ciência e o avanço que ela vinha obtendo em todos os campos de investigação. A filosofia, para ele, deixava de ser uma atividade independente, com propósitos e finalidades específicas, para ser reduzida a uma mera disciplina auxiliar da ciência, tendo por função refletir sobre os métodos e os resultados alcançados por ela.
A verdadeira filosofia, no seu entender, deveria proceder diante da realidade de forma “positiva”. A escolha desta última palavra tinha a intenção de diferenciar a filosofia por ele criada da do século dezoito, que era negativa, ou seja, contestava as instituições sociais que ameaçavam a liberdade dos homens. A sua filosofia positiva era, nesse sentido, uma clara reação às tendências dos iluministas. O espírito positivo, em oposição à filosofia iluminista, não possuía caráter destrutivo, mas estava exatamente preocupado em organizar a realidade.
Em seus trabalhos, sociologia e positivismo aparecem intimamente ligados, uma vez que a criação desta ciência marcaria o triunfo final do positivismo no pensamento humano.
O advento da sociologia representava para Comte o coroamento da evolução do conhecimento científico, já constituído em várias áreas do saber. “É normal que a ‘física social’ se apresente depois das outras ciências, pois ela possui como objeto matérias mais complexas.”
Comte propõe e desenvolve a classificação das ciências, a ordem é: as matemáticas, a física, a química e depois a biologia, e por fim, a mais complexa de todas as ciências a Sociologia também chamada de “Física Social”.  Segundo essa classificação a ordem é da mais simples para as mais complexas e da mais abstrata para a mais concreta, e de uma proximidade crescente em relação ao homem.
Não era apenas quanto ao método de investigação que essa Filosofia Social Positivista se aproximava das ciências da natureza (observação, experimentação, comparação). A própria sociedade é concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico, por isso o Positivismo foi chamado também de Organicismo social, reflexo das Ciências Biológicas.
Desta forma, o positivismo procurou oferecer uma orientação geral para a formação da sociologia ao estabelecer que ela deveria basicamente proceder em suas pesquisas com o mesmo critério que dirigia a astronomia, a física ou a biologia rumo a suas descobertas. A sociologia deveria, tal como as demais ciências, dedicar-se à busca dos acontecimentos constantes e repetitivos da natureza.
Como você perceberá nas páginas seguintes, Comte considera como um dos pontos altos de sua sociologia a reconciliação entre a “ordem” e o “progresso”, pregando a necessidade mútua destes dois elementos para a nova sociedade. Para ele, o equívoco dos conservadores ao desejarem a restauração do velho regime feudal era postular a ordem em detrimento do progresso. Inversamente, argumentava, os revolucionários preocupavam-se tão somente com o “progresso”, menosprezando a necessidade de ordem na sociedade.
A sociologia positivista considerava que a ordem existente era, sem dúvida alguma, o ponto de partida para a construção da nova sociedade, o progresso constituiria uma conseqüência suave e gradual da ordem.


SOCIEDADE CIENTÍFICA E INDUSTRIAL
A reforma social tem como condição básica a Reforma Intelectual

Diante do turbilhão de problemas vivenciados pela sociedade européia, em meados do século XIX, vários foram os diagnóstico levantados. Marx por exemplo, acreditava que esses problemas são frutos do próprio sistema capitalista, só sendo possível resolvê-los quando este regime for completamente destruído. Já Auguste Comte, defensor de uma sociedade industrial e científica, pelo contrário, não contempla esse tipo de pensamento, disse ele certa vez:

“ Um certo tipo de sociedade, caracterizado pelos dois adjetivos, teológico e militar, está em vias de desaparecer. O cimento da sociedade medieval era a fé transcendental, que ultrapassa os limites da razão, interpretada pela Igreja Católica; e as atividades militares. Um outro tipo de sociedade, científica e industrial, está prestes a nascer. A sociedade que nasce é científica, no sentido em que os cientistas substituem os sacerdotes e teólogos como a categoria social que dá a base intelectual e moral da ordem social. Assim como os cientistas substituem os sacerdotes, os industriais, no sentido mais amplo, isto é, os empreendedores, diretores de fábricas, banqueiros, estão assumindo o lugar dos militares. A partir do momento em que os homens pensam cientificamente, a atividade principal das coletividades deixa de ser a guerra de homens contra homens, para se transformar na luta dos homens contra a natureza, ou pela exploração racional dos recursos naturais.”

Auguste Comte conclui, a partir da análise da sociedade em que vive, que a reforma social tem como condição fundamental a reforma intelectual. A revolução ou a violência dos imprudentes não permite reorganizar a sociedade em crise. Para isso é preciso uma síntese das ciências e a criação de uma política positiva.
Como muitos de seus contemporâneos, Comte considera que a sociedade moderna está em crise, entretanto, encontra a explicação dos problemas sociais na contradição entre uma ordem histórica teológico-militar em vias de desaparecer e uma ordem social científica-industrial que nasce.
Com isso em mente, Auguste Comte interpreta a história da Europa como se ela absorvesse a história de todo o gênero humano,. e mais, a sociedade industrial, a sociedade da Europa ocidental, é exemplar, e se tornará o modelo de sociedade para todos os homens.
Na tentativa de descobrir como a Europa chegou a esse modo de ser superior, Comte desenvolveu a Lei dos Três Estágios.
A combinação da lei dos três estágios com a classificação das ciências tem por objetivo provar que a maneira de pensar que triunfou na matemática, na astronomia, na física, na química e na biologia deve, por fim, se impor à política, levando à constituição de uma ciência positiva da sociedade, a sociologia.


 
LEI DOS TRÊS ESTÁGIOS

A Lei dos Três Estágios, corresponde a três fases distintas percorridas pelo desenvolvimento do conhecimento e do espírito humano. Com isso, Comte acreditava ter descoberto “uma grande lei fundamental ou universal” da evolução da sociedade.
Cada um dos três estágios de sua lei possui características próprias, até mesmo, opostas entre si. Os três estágios são: (a) o Teológico ou Fictício, (b) o Metafísico ou abstrato, (c) o Positivo ou científico.


a) Teológico ou Fictício

O estágio Teológico é considerado o mais primitivo, no qual os fenômenos são explicados por meio de agentes sobrenaturais, como deuses e espíritos, a quem são creditadas todas as anomalias.
Os fenômenos naturais são explicados de acordo com a imaginação, por exemplo: os índios Kaxinawas, no Acre, explicam a origem do Raio como os kaxinawas que estão no céu e não deixam de trabalhar. Quando o machado escapole e faz brecha, cai o relâmpago na terra, fazendo o estrondo que é o trovão. O cupim vem, tapa o buraco e o trovão passa.
Assim sendo, o estado teológico seria aquele em que os homens atribuíam aos deuses as causas dos diversos fenômenos vivenciados no dia-a-dia. Na busca última para tudo, chegou-se à elaboração do monoteísmo, unificando as diversas divindades num só Deus.

b) Metafísico ou Abstrato

Comte não define muito bem esta fase, para ele o estágio Metafísico é apenas um período de transição do estágio Teológico para o Positivo.
Entretanto, conseguimos estabelecer algumas características, por exemplo, no estágio Metafísico ou Abstrato os fenômenos são explicados por meio de entidades abstratas, como a natureza, e não mais por agentes sobrenaturais. O abstrato ocupa o lugar do concreto, e a argumentação, o da especulação. Lembrando que, essa fase é apenas transitória. Aplicado à sociedade, esta fase adolescente, transitória e desordenada corresponde a um estado militar.


c) Positivo ou Científico

Depois do estágio de transição (o Metafísico), o espírito humano chega ao último estágio, o Positivo, no qual os fenômenos são explicados a partir de leis demonstradas experimentalmente. Isso faz com que o homem renuncie-se à busca das explicações absolutas, da origem e da finalidade do mundo, e das causas primeiras dos fenômenos, contentando-se em estabelecer as leis que o governam.
Aqui, são introduzidas duas noções importantes ao sistema positivo de Comte, isto é, a observação e a experimentação, próprias do conhecimento científico, que subordinam a imaginação e a especulação até então predominantes.
Segundo Comte, todas as formas de conhecimento passaram pelos dois primeiros estágios e vieram a se constituir definitivamente no último. Dessa forma, as sociedades evoluem de acordo com a “grande lei fundamental” a Lei dos Três Estágios.
Comte acredita ainda, que os indivíduos também passam por essa lei fundamental de evolução - a infância como nosso estágio teológico; a juventude como o metafísico, e a idade adulta como o positivo.
No plano histórico, este estado está em conformidade com a sociedade industrial. No seio podem novamente impor-se a ordem e o consenso. Tendo os industriais suplantados os guerreiros, os seres humanos não farão mais a guerra para obter poder e riqueza, mas irão cooperar para dominar a natureza e produzir em abundância para todos.


ORDEM E PROGRESSO

A Sociologia de Comte está relacionada com o caráter reorganizador da sociedade e das instituições, pois o autor via na Filosofia Positiva um instrumento para que o homem fosse reeducado para reorganizar as estruturas políticas e sociais visando à ordem e ao progresso sociais. O Positivismo propunha, enfim, um modelo de ação humana, uma ordem mundial, uma nova forma de relação dos homens entre si e dos homens com o mundo.
Apesar do otimismo em relação ao caráter apto e evoluído da sociedade européia, o desenvolvimento industrial gerava, a todo momento, novos conflitos sociais. Os empobrecidos e explorados (camponeses e operários) organizavam-se exigindo mudanças políticas e econômicas. Auguste Comte respondeu a tais pressões com as idéias de ORDEM E PROGRESSO.
Com essa idéia, Comte mostra dois tipos de movimentos na sociedade. O estático que procuraria ajustar todos os indivíduos às condições estabelecidas, garantindo o melhor funcionamento da sociedade, o bem comum e os anseios da maioria da população. E o dinâmico levaria à evolução transformando as sociedades, segundo a lei universal ou a “grande lei fundamental”, da mais simples à mais complexa, da menos avançada à mais evoluída.
Esses dois movimentos revelariam que a ordem seria o princípio que rege as transformações sociais, princípio esse, necessário para a evolução social ou o progresso. Essa ordem implicaria o ajustamento e a integração dos componentes da sociedade a um objetivo comum. Os movimentos reivindicatórios, os conflitos e as revoltas deveriam ser contidos sempre que pusessem em risco a ordem estabelecida ou o funcionamento da sociedade, e ainda, quando inibissem o progresso.
As instituições que mantêm a coesão e garantem o funcionamento da sociedade, por exemplo, família, religião, propriedade, linguagem, direito, etc., seriam responsáveis pelo movimento estático da sociedade. Comte relacionava os dois movimentos vitais de modo a privilegiar o estático sobre o dinâmico, a conservação sobre a mudança. Isso significava que, para ele, o progresso deveria aperfeiçoar os elementos da ordem e não destruí-los.
Assim se justificava a intervenção na sociedade sempre que fosse necessário assegurar a ordem ou promover o progresso. A existência da sociedade burguesa industrial era defendida tanto em face dos movimentos reivindicatórios que aconteciam em seu próprio interior , quanto em face da resistência das sociedades agrárias e pré-mercantis em aceitar o modelo industrial e urbano.